07 dezembro 2005

O DELICIOSO MUNDO DE BACO...

Orgia rubra.
De sentidos e sensações...
Estado de loucura proporcionada por seguidas taças de líquido púrpuro, rosáceo.... Vinho que embriaga, que enlouquece, que nos carrega para um mundo desconhecido e inexplorado. Mundo de perfeições, onde tudo é permitido, incentivado e desejado.
Dionísio.
Baco e suas bacantes...
Entre mistérios e ritos. Entre o sagrado e o mais profano.
Entre vinhos e fumaça...

DIONÍSIO... BACO... BACANTES


Divindade grega da natureza, especificamente deus do vinho e mais amplamente da vegetação, que desempenhou um papel de excepcional importância entre os gregos.
A primeira parte de seu nome apresenta o genitivo do
nome de Zeus, e foi como filho de Zeus e Sêmele, filha de Cadmo e Harmonia, que ele entrou para os escritos mitológicos. O culto de Dionísio veio da Trácia, Lídia (o nome Baco provavelmente é derivação lídia) ou Frígia para a Grécia aproximadamente no oitavo século a.C. Por trazer um tipo de entusiasmo e êxtase até então desconhecido dos gregos, o culto a Dionísio se estabeleceu contra muita oposição, principalmente da aristocracia.Nos festivais realizados em sua homenagem, que eram basicamente festas da primavera e do vinho, o deus em forma de touro freqüentemente liderava as Maenads barulhentas, bacantes, sátiros, ninfas e outras figuras disfarçadas para os bosques. Eles dançavam, desmembravam animais, comiam suas carnes cruas e alcançavam um estado de êxtase que originalmente nada tinha a ver com o vinho. As representações mais antigas do deus mostram-no como um velho de barbas, enquanto que as mais recentes o representam como um belo jovem. As histórias sobre as andanças de Dionísio, e em particular sua viagem à Índia, são provavelmente surgidas da simples observação da difusão geográfica da videira. Onde essa planta era cultivada, e o vinho extraído, acreditava-se que o deus por lá havia passado, dando aos mortais sua benção ou maldições. Assim que Hera soube que Sêmele estava esperando um filho do seu marido, Zeus, ficou demasiadamente furiosa. Sabendo que as suas reprovações aos atos de Zeus não surtiam nenhum efeito, resolveu vingar-se da jovem e destruí-la. Para Hera, Sêmele era culpada e carregava em seu ventre a prova de seu ato ilícito. "Não me chamem mais de filha de Saturno, se ela não descerá às águas do Estígio, para lá enviado pelo seu Zeus!" Com essas palavras, Hera se levantou de seu trono e envolvida por uma nuvem dourada, aproximou-se da morada de Sêmele. Lá, transformou-se em uma velha senhora, com cabelos brancos, rugas em sua pele, costas arqueadas e passos cambaleantes: a cópia exata de Beroe, a ama de Sêmele. Alcançando Sêmele, ela iniciou uma longa conversa, na qual mencionou o nome de Zeus: Hera disse que ela deveria pedir uma prova de que seu amante era realmente Zeus, e se fosse verdade, que ele aparecesse em sua forma gloriosa, a mesma que ele aparecia perante Hera, e só assim a abraçasse. "Eu rezo para que seja mesmo Zeus! Mas tudo isso perturba-me: muitas vezes um homem usou deste artifício para penetrar no quarto de uma mulher honesta, fazendo-se passar por um deus." Assim dizendo, Hera colocou a suspeita no coração da jovem e ela dirigiu-se à Zeus, pedindo uma prova de seu amor. Ele respondeu dizendo que qualquer coisa que ela pedisse lhe seria atendido. Ainda mais, para reforçar seu juramento, chamou o nome do deus do rio Estígio para ser sua testemunha. Sêmele, feliz com o juramento, selou seu destino com o seu pedido: "Mostre-se a mim. Da mesma maneira como você se apresenta a Hera quando você troca abraços amorosos com ela!" O deus tentou em vão impedir que ela falasse tamanho desatino, mas as palavras já haviam deixado sua boca - e seu juramento não podia ser alterado. Lamentando muito a tarefa que estava prestes a realizar, Zeus lançou-se ao alto, juntou as névoas obedientes e as nuvens de tempestade, relâmpagos, ventos e trovões. Tentou ao máximo reduzir ao máximo a sua ostentação de glória. Mas a estrutura mortal de Sêmele não podia suportar a visão do visitante celestial, e ela foi queimada até as cinzas pelo seu presente de casamento. Seu bebê, ainda incompletamente formado, saiu do útero de sua mãe, e alojou-se na coxa de Zeus, até que se completasse a sua gestação. Zeus entregou o bebê a Hermes, que o confiou ao casal Ino e Athamas, advertindo-os a cuidar de Dionísio como se ele fosse uma menina. Entretanto, Hera descobriu que o bebê havia nascido e que estava sendo criado escondido dela. Indignada, levou Ino e Athamas à loucura. Athamas caçou o próprio filho, Learcus, como se fosse um veado, matando-o, e Ino, para livrar seu outro filho, Melicertes, da loucura do pai, o atirou ao mar, onde foi transformado no deus do mar Palaemon. Finalmente, Zeus iludiu Hera transformando Dionísio em um cabrito e Hermes o levou para ser criado pelas ninfas de Nysa, na Ásia, quem Zeus posteriormente transformou em estrelas, dando-lhes o nome de Híades. Mais tarde, Dionísio resgatou Sêmele dos ínfernos e a levou ao Olimpo, onde Zeus a transformou em deusa. Quando Dionísio cresceu, ele descobriu a videira e também a maneira de extrair da fruta o seu suco e transformá-lo em vinho. O deus então, vagou pela Ásia e foi até a Índia, onde ficou diversos anos, para ensinar os povos a cultivar a vinha. Em seu caminho, chegou até Cibela, na Frígia, onde a deusa Réia, mãe dos deuses, o purificou e o ensinou os ritos de iniciação. Ele se dirigiu à Trácia, onde Licurgo era o rei dos Edonianos, que viviam ao lado do rio Strymon. Licurgo foi o primeiro a insultar Dionísio e expulsá-lo. Sabendo das intenções de Licurgo através de Carope, pai de Orfeu, Dionísio se refugiou no mar, com Tétis, enquanto as maenads eram feitas prisioneiras, juntamente com os sátiros. Dionísio, em vingança, enlouqueceu o rei, e ele matou seu filho com um machado, pensando estar cortando uma videira. Quando acabara de cortar os membros do filho, desfez-se o encanto do deus. Dionísio recompensou a ajuda de Carope dando-lhe o reino dos trácios e instruíndo-lhe nos ritos secretos ligados aos seus mistérios. Quando Dionísio se encaminhou à Tebas, ele forçou as mulheres a abandonarem suas casas e segui-lo, numa espécie de transe. O Rei Penteus tentou por um fim à desordem causada pelo deus, tentando prende-lo, mas sua tentativa foi infrutífera, pois os seguidores de Dionísio impediam a prisão do deus. Então, Penteu tentou espionar o culto de Doinísio, mas foi avistado pela sua mãe, Agave, que participava junto com as maenads. Cega pelo deus, Agave pensou ester vendo um javali gigante, e chamou as demais mulheres para correrem atrás dele. Assim que o alcançaram, despedaçaram-no e sua mãe percebeu, horrorizada, que não era um javali que haviam desmembrado, mas sim seu filho. Depois de Tebas, Dionísio foi para Argos, e como eles não quiseram honrá-lo, ele fez as mulheres enlouqucerem, carregarem seus filhos no colo até uma montanha e os devorarem. Assim como os demais deuses da vegetação, acreditava-se que Dionísio havia morrido uma morte violenta, mas que havia sido trazido novamente à vida; e sua morte, ressurreição e sofrimentos eram representados em ritos sagrados.
***
Um dia, narra a lenda, a grande deusa Deméter chegou à Sicília, vinda de Creta. Trazia consigo sua filha, a deusa Perséfone, filha de Zeus. Deméter planejava chamar a atenção do grande deus, para que ele percebesse a presença de sua filha. Deméter descobriu, próximo à fonte de Kyane, uma caverna, onde escondeu a donzela. Pediu-lhe, então, que fizesse com um tecido de lã, um belo manto, bordando nele o desenho do universo. Desatrelou de sua carruagem as duas serpentes e colocou-as na porta da caverna para proteger sua filha. Neste momento, Zeus aproximou-se da caverna e para entrar sem despertar desconfiança na deusa, disfarçou-se de serpente. E na presença da serpente, a deusa Perséfone concebeu do deus. Perséfone deu luz a Dionísio na caverna, onde ele foi amamentado e cresceu, passando o tempo com seus brinquedos: uma bola, um pião, dados, algumas maçãs de ouro, um pouco de lã, um zunidor e um espelho, que o deus gostava de fitar encantado. Entretanto, o menino foi descoberto por Hera que queria vingar-se da nova aventura do esposo. Assim, quando o deus estava olhando-se distraído no espelho, dois titãs horrendamente pintados com argila branca, aproximaram-se de Dionísio pelas costas e, aproveitando a ausência de Perséfone, mataram-no, cortaram o corpo do menino em sete pedaços e ferveram as porções em um caldeirão apoiado sobre um tripé e as assaram em sete espetos. Atenas viu a cena e, mesmo não podendo salvar o menino, resgatou o coração do deus. Mal tinham acabado de consumar o assassinato, Zeus apareceu na entrada da caverna, atraído pelo odor de carne assada e vendo a cena, entendeu o que havia se passado, atirando um de seus raios contra os titãs canibais, matando-os. Zeus estava desolado com a morte do filho, quando a deusa Atenas apareceu e entregou-lhe o coração do deus assassinado. Zeus, então, efetuou a ressurreição, engolindo o coração e dando, ele próprio, à luz seu filho. E essa é a origem do deus morto e renascido, relatada pelos antigos e celebrada nos mistérios...