21 novembro 2006

"POEMA EM LINHA RETA"


"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."
Fernando Pessoa
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Esse poema, hoje, é uma homenagem... A um amigo incrivelmente apaixonante (perdão pela piada particular!)! Obrigada por tudo! A uma pessoa que quero realmente manter comigo, até ambos enjoarem...
Muito tempo?!
Talvez você esteja certo em duvidar de mim...
Talvez você esteja certo em achar que vou me machucar muito...
Mas já me machuquei outras vezes e continuo aqui,
Talvez você esteja me achando maluca, infantil, boba...
Talvez, você esteja pensando a confusão que isso pode causar daqui a um tempo...
Talvez você não esteja pensando em nada disso!
Mas eu, no meu mundo de cores fortes e intensas e passionais, penso em tudo isso!
E penso nas noites e dias...
Nas manhãs...
Nos telefonemas e nas conversas...
E lembro!
E sonho!
E quero!
Sem me pré-ocupar com as tragédias!
Só quero aproveitar os minutos e deixar o mundo pra depois!

20 novembro 2006

ASAS...

Tem dias em que você só quer e precisa estar com alguém
Tem dias em que você mentiria para estar naquele lugar
Dias em que você pararia o tempo naquele momento
Naquele olhar
Naquele sorriso
Dias e horas que teimam em passar e te deixar pra trás
Teimam em te trazer de volta ao mundo das mentiras e olhares curiosos

E nas noites, em todas as noites
Eu só queria que você soubesse quem eu realmente sou!



14 novembro 2006

PERDÃO E AGRADECIMENTOS...

Quando chove forte, abro portas e janelas pra que o vento lave com uma só enxurrada todos os cantos e contos.
Quando chove forte tenho vontade de correr pelas ruas tal louca, tal nua.
Tenho vontade de viver um grande amor.
Vontade de ter um filho.
Quando chove forte, brinco de contar as gotas que caem, enquanto rio dessa tolice infantil.
Quando chove forte e o mundo parece desaparecer sob as águas, saio pela porta, abro os braços e me deixo morrer por um instante.
Esquecendo de mim no maior dos abandonos, eu deixo a água escorrer sob a roupa até que ela faça parte de mim.
E olho pros céus, fazendo a única prece que aprendi.