22 janeiro 2006

L.A.P.A (PODERIA SER VOCÊ)

Dois olhares que se cruzam. Uma, duas, três vezes.
Lá pela quinta vez, um sorriso meio tímido aparece entre versos e fumaça. A música termina. O próximo sorriso vem espontâneo, acompanhado por um olhar que briga para não desprender do outro. Você tem a certeza que aquela música é para você. Ele está cantando pra você.
As luzes se apagam. O show termina e você se afasta para o bar, numa posição estratégica: você quer que ele a procure.
Cinco. Dez. Quinze minutos. Dois chopes.
Espera.
Ansiedade.
E quando você pega a bolsa para trocar de lugar ou dançar na pista cheia, ele aparece com uma cerveja nas mãos, camiseta trocada e cabelo molhado.
Você o olha. Sorri. Olha pro chão. Ajeita o cabelo.
"Oi. Tudo bem?"
"Tudo. Belo show. Parabéns!"
Os dois encostam-se no balcão. Se apresentam.
Entre cervejas e cigarros e risos, o clima está formado.
De repente, o assunto acaba, o riso morre no ar. A língua umedece os lábios e uma mão segura sua nuca por baixo dos cachos enquanto outra porcura a cintura dele.
Bocas e línguas na noite da Lapa.

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